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Quis esse tempo de sombra
De exílio e recolhimento
Tempo em que tudo me sobra
E ouço o murmúrio do vento
A solidão que me acolhe
E refigura o que penso.
Quis esse tempo vadio
Vazio e entanto tão pleno
Que a mim me ocupo no frio
Na solidão do sereno
E ouço o mais longe no fio
Suspenso entre o som e o feno.
Quis a ração, esse feno
Em mim nutrindo o animal
Antes tão só obsceno
Entre civil natural
Buscando no céu mais pleno
O ser do ciclo vital.
Quis o que agora persigo
E entanto mal se anuncia
Mescla de paz e perigo
De treva no meio-dia
Do que me turva o que sigo
Do que é falta e poesia.
Quis o que há muito entrevia
Na pressa da juventude
O que a natura anuncia
Enquanto a idade se ilude
O que a morte irradia
No cerne da solitude.
Recife, 03 de outubro de 2011.
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