
No seu inferno o inferno
era de fato o outro.
Mas como ser sem o outro, sem ser o outro?
Depois de lutar uma vida
contra seu próprio inferno
logrou elevar-se do caos subterrâneo
à superfície da casa
penosamente construída.
Tijolo sobre tijolo
parede emendada a parede
entre recortes de janelas
linhas de repouso e sombra
a luz derramada na espiral da escada
e até um jardim
onde plantou uma flor
batizada como solidão lunar.
Enfim, artes do engano, a sua ilha
com cada coisa em seu lugar.
Mas logo sobrevieram as forças
elementares e incontornáveis do Continente:
o mar de ressaca, tempestades
tufões, maremotos e tornados.
Afundou com sua ilha
numa ensolarada manhã de outubro.
Uma bela manhã para morrer,
eis tudo que disse.
Recife, 09 de junho de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário