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Daniel I
O meu amigo
intransparente
é todo verbo
mas reticente.
O meu amigo
rindo de mágoas
que lá no fundo
no mais que fundo
sei que ele sente.
Daniel II
O meu amigo que sabia javanês
(não) ensinava latim.
Ensinou-me outras coisas
não-clássicas, sem tempo
além da história.
O meu amigo maior que amigo
um modo de espelho
um modo de ver-me
não sendo o que sou.
O meu amigo que dava lições
sem tom de docência
sem nunca vesti-las
num código de ensino.
O meu amigo meu eu, meu não-eu
Luar que se esconde
Na Londres de véus
Paisagem sombria
Meu céu sem teus céus.
Museu Britânico, Londres 07 julho 1989.
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