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Era tão bela que de mim zombava
Pisando minha triste imperfeição
No céu a estrela vaga se apagava
E a mãe natura no mar lavava
O desenho torto da criação.
Era tão bela e tão orgulhosa
Que soberana tudo destratava
Indiferente à fluidez da rosa
Do ser que passa como ela passava.
Era tão bela que esqueceu o tempo
O tempo algoz de tudo que é humano.
Restou-lhe a fuga, a humilhante fuga
Do espelho fluido como seu engano
Cego na linha onde reponta a ruga.
A mãe natura pisa impiedosa
A beleza volúvel da mulher
Pois se sopra a beleza no espelho
Sopra o avesso da beleza aonde quer.
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