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Existo e assim existo nessa treva
Que às cegas me move e ainda me leva
Além do que na lida figurei
Teimando em indagar o que não sei.
De longe, muito longe me chamavam
As vozes que na noite me amavam
E entanto à luz do dia dissolviam
Meu canto cujas notas esqueciam.
Meus passos já se movem com a fadiga
De quem bem se fartou das vãs intrigas
Que turvam a urdidura desse mundo
Vertendo o que no ralo deita ao fundo.
Existo e isso é tudo e nada sobra
E em cada semelhante, em cada obra
Diviso um fim que engana e ignoro
O que será de mim se o que já sou
Me escapa enquanto cato o que sobrou
Do que doendo em mim é o que choro.
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