quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Máximas e Mínimas XIV
Todos os brasileiros são honestos, salvo os políticos.
Já que sou forçado a ir às urnas, na próxima eleição votarei no candidato que tiver a franqueza de afirmar que é corrupto e canalha, se é que algum ousará tanto. Pelo menos estarei votando num político sincero.
Morro de rir do determinismo histórico quando leio sobre a Revolução Russa, a Cubana e toda a história do comunismo. Por isso não troco meu ceticismo utópico pelo socialismo científico de ninguém.
Eu, tantas vezes afagado por muita aluna que me chamava de professor feminista, acabei punido pela televisão da academia de ginástica que todas as manhãs me obriga a ver programa de mulher. Assim acabarei convertido ao machismo senil.
Há verdades que não se dizem publicamente nem mesmo para desacreditar o melhor dos amigos.
Como diria o presidente da comissão de ética do congresso nacional, quem anda na linha é trem.
Depois de examinar todos os relatórios de prestação de contas do governo, os ministros descobrem contas que nem se conta.
Afinal, o Brasil é um país emergente ou imergente?
Como explicar que um país emergente viva em estado de emergência?
Se Marx fosse brasileiro, diria que a contradição fundamental do nosso capitalismo é a que opõe o proletariado ao funcionalismo público. Traidor da sua classe, logo integraria a casta do funcionalismo público, fato que o tornaria igualzinho à maioria dos nossos revolucionários: viveria bem pago e indignado com o capitalismo e a classe dominante.
É verdade que até Jesus Cristo freqüentou más companhias e assim se contradisse ao afirmar que nossas companhias definem quem somos. Ninguém, ainda que seja Cristo, anda apenas em boa companhia. Mas isso em nada justifica quem anda sempre mal acompanhado.
Tenham paciência, vocês que tanto falam mal do Brasil. Um dia o Brasil dará certo. Não antes que eu morra, com certeza, mas talvez antes que o país afunde de vez.
Era tão bela e tão arrogante na sua beleza que ignorava minha existência. Revi-a 10 anos mais tarde e murmurei apenas para mim próprio: como a natureza é impiedosa com as mulheres. É verdade que tudo passa, mas há coisas que passam muito mais depressa.
domingo, 20 de setembro de 2015
Máximas e Mínimas XIII
Brasil: um país tão grande habitado por gente tão pequena.
Sou do tempo em que TV era te ver.
O Brasil sempre compensa uma década ganha com outra perdida. Noutras palavras, periodicamente emergimos para o fundo do poço ou ascendemos para o buraco.
Afinal, somos um país emergente ou imergente?
Os brasileiros continuam esperando que Deus resolva os problemas que eles criam. Prefiro acreditar que quem aqui faz, aqui paga. A desgraça é que uns poucos roubam para que a maioria pague a conta. Mas a maioria não é inocente. No mínimo abre a porta para o ladrão entrar. Ninguém é inocente.
O Brasil é um país de esquerda com uma realidade de direita.
Quem tem a esquerda que temos não precisa de direita.
Narcisismo é uma doença imune até à velhice, que para Narciso é apenas adolescência tardia.
Sou do tempo em que se pedia empréstimo verbal isento de qualquer garantia que não fosse a honestidade do devedor. Hoje quem deve não paga e ainda se sente com o direito de pedir mais. Já inventaram até o amor a fundo perdido.
Corrupção no Brasil tornou-se uma virtude que nenhum oportunista desperdiça. Afinal, ela rende tudo, menos punição.
Brasil, país do faturo.
O PT realizou o verdadeiro milagre brasileiro: transformou o Brasil num país pior do que era.
Só quem é muito pobre e muito ressentido acredita que o dinheiro compra tudo. O dinheiro não compra tudo, mas compra muita coisa.
Não temos a mais vaga noção do que a estrela cintilante é e no entanto acreditamos que a realidade corresponde à aparência apreendida pelos nossos sentidos.
Ame um cão:
Se você se sente solitária e infeliz no amor, ou simplesmente se desiludiu dessas máquinas caprichosas e confusas que são os seres humanos, adote um cão. Seres humanos são dotados de uma singularidade da qual derivam nossas grandezas e misérias: a liberdade. Pena que a maioria a use como uma pata de elefante querendo esmagar uma mosca numa loja de cristais. A mosca é o alvo da liberdade humana e os cristais são seres humanos perseguindo o mesmo fim. Talvez algum dia destruam totalmente a loja.
Apesar de ser o país do jeitinho, o Brasil definitivamente não tem jeito.
O Brasil é o paraíso onde em se plantando tudo dá. O que?
O Brasil é o país da diversidade. Celebra-se a diversidade com festa, claro. Só que os que não gostam da festa ou não querem freqüentá-la são privados até do direito de ficar em paz dentro de suas próprias casas. No Brasil, até a diversidade é autoritária.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
No Mural do Facebook VI
Ideologia e Religião:
Apesar do trote da carruagem, que já riscou o rosto de Dilma Rousseff de rugas indisfarçáveis, passo por alguns posts de petistas e comunistas dogmáticos e chego a esta conclusão óbvia: quem tem ideologia não precisa de religião. Mas ressalto duas diferenças fundamentais em defesa dos religiosos: 1-eles escolhem uma religião e têm portanto consciência de que professam uma religião, um sistema de fé; 2-Por serem crentes confessos, podem dar-se ao luxo de ignorar as evidências que refutam sua crença. Por isso, concluo, o ideólogo dogmático é muito mais alienado do que o religioso convencional. A história, com h minúsculo, escreveu ironias devastadoras no livro sagrado da ideologia que a converteu em História (com H). Mas o dogmático da ideologia, como um Édipo da utopia, cegou os próprios olhos para não ver o que minha diarista já viu há muito tempo. Para que tantos livros alienantes, tanto farelo ideológico, perguntou-se o homem comum que vê a realidade armado apenas de bom senso e experiência.
Facebook, 13 de setembro 2015.
Dilma cava o próprio túmulo:
Se as medidas propostas pelo governo forem aprovadas pelo congresso, o que é mais que improvável, Dilma Rousseff vai cavar ainda mais fundo a sua cova. Afinal, entre outros insultos contra a sociedade que a reelegeu manipulada pela máquina da propaganda enganosa, para não dizer caluniosa, ela quer retardar o reajuste do funcionalismo público de janeiro para agosto. O desespero é tão extremo que agora Dilma decidiu meter a mão no bolso de quem sempre a apoiou. Por muito menos, FHC foi definitivamente demonizado pelo funcionalismo público, setor onde ainda se concentra o que resta de apoio ao governo. Não bastasse isso, quer restaurar a CPMF, além de reduzir ainda mais os recursos para políticas públicas, que já andam aos bandalhos.
O mais grave de tudo é que esse governo perdeu qualquer legitimidade para impor sacrifícios ainda maiores à sociedade. Afundado na lama da corrupção que envenena todo o sistema de poder, não tem nenhuma autoridade moral para exigir sacrifícios adicionais a uma população castigada por toda sorte de abuso e empulhação. Acuados, refugiando-se no silêncio, quando não se escondem literalmente, Lula e sua patética criatura afundam cada vez mais.
Um único exemplo: há tempos o historiador Marco Antonio Villa desfecha críticas virulentas contra ambos e o PT em geral. Mais que isso, Villa vem há tempos denunciando publicamente Lula como o chefe da quadrilha que se instalou no poder e se embrulha cada vez mais no processo corrente de investigação que não se sabe quando chegará a termo. Apesar de denunciado, Lula não dá um pio.
Por fim, repisando o lugar comum, Dilma teima em cortar apenas a carne alheia. Segundo voz corrente, o governo tem 113 mil cargos de confiança, expressão que é um eufemismo, e 39 ministérios que bem simbolizam a política parasitária do estatismo capitalista que sangra a sociedade brasileira. A coisa aqui `tá preta, como canta o verso famoso de Chico Buarque, um dos esteios morais de Lula, Dilma e do PT. Mas ele, como Marilena Chaui, também se refugiou no silêncio dos intelectuais irresponsáveis e cúmplices de tiranos gerados por belos ideais e irresistíveis utopias.
Nota: acrescentei algumas frases ao texto original postado no Facebook.
Facebook, 15 de setembro de 2015
Brás do Brasil
Brás é o homem mais afortunado do Brasil. Se Fidel Castro é o Brás de Cuba, Brás do Brasil é o Brás das Cubas, pois que as tem muitas e abundantes. Detentor de todas as fontes de petróleo, Brás fundou um monopólio chamado Petrobrás. Fez o mesmo com outros bens naturais num país tão farto em bens que trata de forma perdulária e irresponsável, quando não criminosamente vil e no geral impune. Capitalista perdulário, sobretudo infenso ao temor da falência, Brás esbanja, corrompe, queima e torra bens que sequer calcula. Se acaso a despesa excede a receita, Brás transfere os custos para os brasileiros. Estes que paguem pelo que nunca lucraram. Brás é o capitalista perfeito: o que ignora capital de risco e falência. Meu sonho é ser Fernãobrás, mas me contentaria em ser diretor ou operador do onipotente Brás.
Facebook, 16 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
No Mural do Facebook V
Nossas velhas estruturas sociais:
Reiterando o poder nocivo e corruptor das nossas estruturas histórico-sociais, argumento que vale para o Brasil assim como para a América Latina em geral, importa lembrar ou aprender que pouco mudará da terrível realidade que vivemos se houver uma mera troca de partidos e agentes no comando do poder. Nosso Estado nunca ingressou na modernidade típica do Estado republicano e democrático. É uma adaptação do Estado patrimonial criado e regido por oligarquias retrógradas e um aparato burocrático ineficiente e parasitário. Um simples e significativo exemplo: o palácio do Planalto tem 4.487 funcionários; a Casa Branca, sede da maior potência mundial, apenas 468. Outra praga é o populismo, de esquerda ou de direita.
Basta ver não só o que acontece aqui, mas também na Argentina e na Venezuela. Esse regime maldito, que alega governar para o povo e salvar os oprimidos, é estatizante e sempre adota políticas cujos custos são pagos pelo povo oprimido. Por isso convém lembrar que o mal não é apenas o PT, mas essas estruturas retrógadas e resistentes à modernidade. Enquanto não mudarmos isso, e quem sabe lá quando mudará, o Brasil viverá entre ciclos de crescimento e recessão, euforia e depressão.
A crise é obra antes de tudo do PT. Mas observem o que acontece na sociedade e antes de tudo na burocracia estatal. Greves se sucedem sempre em defesa de interesses corporativos e se arrastam por meses. Essa inércia irresponsável, que na prática significa férias informais e abuso da tirania exercida contra o povo que luta e trabalha feito semiescravo, se repete regularmente como efeito de estruturas perversas. É claro que a crise agrava esses processos, mas periodicamente temos greves previsíveis em vários setores do serviço público. Todos falam em nome do povo e dos interesses do povo, mas este é o único que paga as contas e vive ainda, em plenos séc. xxi, submetido a um regime cotidiano típico de uma ditadura social.
Postado no Facebook, 10 de setembro 2015.
Dilma e as mentiras obsessivas:
Tentei ouvir a mensagem de Dilma Rousseff endereçada aos brasileiros no dia da nossa (In)dependência. São mais de 8 minutos. Aguentei 2 somente para conferir se alguma coisa mudaria na desconversa previsível. Apesar de tudo que salta aos olhos até dos imbecis, ela teima em sustentar as mesmas mentiras que ao cabo não passam de arrogância ou esquizofrenia. A arrogância, por exemplo, que a impede de ter um mínimo de humildade diante dos fatos; a arrogância que a leva a nos tratar como um rebanho de cegos servis às mentiras que tem repisado seguindo a lição do seu mestre: Luís Inácio Lula da Silva. O adorno da mensagem é a apelação publicitária de sempre recheada por sentimentalismo e diversionismo e a velha ladainha sobre a natureza miscigenada e pacífica do povo brasileiro. Chovendo no molhado onde ela desliza, somos um país marcado pela desigualdade, a violência sempre beirando a guerra civil, o preconceito e todas as opressões impostas por um capitalismo cujo vilão principal é o Estado patrimonial. Nossa herança maldita, que o PT denunciava alegando livrar-nos dela, está sendo agravada por um partido que foi a esperança de milhões de brasileiros até revelar-se uma organização de bandidos.
Facebook, 7 de setembro 2015.
A compaixão abstrata:
Comovem-me as manifestações de compaixão e indignação diante da massa de refugiados que pressionam as fronteiras da Europa. Mas como explicar que sejamos tão sensíveis ao sofrimento e desamparo desses infelizes (tão abstratos na volatilidade das redes sociais) enquanto sempre passamos indiferentes à miséria e desamparo dos brasileiros nos quais esbarramos a cada esquina e rua? Eu mesmo, que moro numa área privilegiada do Recife, vejo diariamente mendigos caídos nas calçadas, coberturas de galerias etc. No calçadão da praia, todo dia passamos indiferentes aos famintos e ébrios caídos na calçada. Passamos ao largo segurando a coleira de nossos cães e corremos (literalmente) para manter a forma e fugir da realidade intolerável.
E o que dizer dos nossos dependentes do SUS, humilhados e desassistidos em hospitais, UPAs etc? É um filme tão antigo que virou banalidade. Queria ver qual seria nossa reação se refugiados do mundo viessem pressionar nossas fronteiras continentais. Como é fácil ter compaixão do semelhante abstrato e remoto quando somos indiferentes aos esfomeados das nossas ruas.
Facebook, 3 de setembro 2015.
Ame um cão:
Para você, feicebuqueira(o): Se você se sente solitária e infeliz no amor, ou simplesmente se desiludiu dessas máquinas caprichosas e confusas que são os seres humanos, adote um cão. Seres humanos são dotados de uma singularidade da qual derivam nossas grandezas e misérias: a liberdade. Pena que a maioria a use como uma pata de elefante querendo esmagar uma mosca numa loja de cristais. A mosca é o alvo da liberdade humana e os cristais são seres humanos perseguindo o mesmo fim. Talvez algum dia destruam totalmente a loja.
Facebook, 3 de setembro 2015.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Heterodoxia
A heterodoxia
É uma estranha mania
Que certos loucos contraem.
Dão de pensar pelo avesso
Da ordem, do endereço
Do reino instituído
Chegando mesmo ao extremo
De injetar mil venenos
No corpo do falecido
Que é a fé, qualquer fé.
A heterodoxia
É a luz no fundo do dia
Que foi a minha utopia.
Recife, 30 de maio 2011.
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