O lobo que habita a natureza
também habita o homem que eu sou
mistura do sublime e da baixeza
estrume que floresce à luz do sol.
também habita o homem que eu sou
mistura do sublime e da baixeza
estrume que floresce à luz do sol.
O lobo que enjaulo ou só refreio
que nego como o outro meu avesso
deseja e semeia o que odeio
desmancha e dilacera o que eu teço.
O lobo que astuto dissimulo
dourando com camadas de verniz
civil o mal que nunca em mim anulo
fazendo o que a aparência contradiz
é o outro que constante em mim me trai
humano como eu que nada sei
nadando na corrente que se esvai
depois de me afogar no que amei.
E entanto eu me engano ao me supor
cativo da ilusória divisão
cindindo o lobo e o homem num só nó
o vário num só termo de tensão.
O humano tão confuso e nuançado
repele solução, categoria.
Seu ser se extravia em qualquer lado
extremo entre a loucura e a poesia.
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