sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Marcela Viaja


Eu vou pra Serra Talhada
Sozinha pela estrada
Em noites de solidão
E ao mundo aceno meu lenço
Retendo o que muda penso
E sinto na escuridão.

O mundo dá tantas voltas
E em suas águas revoltas
Drena o amor e o sonho
Drena o que fui e queria
Mas resta o sopro, a poesia
No que perdida reponho.

A estrada é longa e comigo
Vou viajando e sigo
As curvas do meu caminho.
Há tanto que viajar
Mas o que busco é achar
A rota de um outro ninho.

Às vezes na madrugada
Na estrada silenciada
Choro saudades da vida
Que foi tão outra e enganosa
Mas coloria na prosa
A dor de uma flor traída.

Mas sei que a estrada amanhece
E outra paisagem floresce
No chão da viagem só.
Outras cidades virão
Cantar comigo a canção
Que varre a sombra e o pó.

E já não canto sozinha
Traçando as curvas da linha
Que segue pro litoral.
Sei de outros modos de canto
Feitos de riso e de pranto
De fado meu, tropical.

Recife, 04 / 06 / 2007

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