segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A velhice II


Os sintomas da velhice
São tantos que os desconheço
Por isso nunca te disse
Verdades que não mereço.

São tantas as suas dores
Tão vários os seus achaques
Que há quem em meio aos tremores
Não lhe resista aos ataques

De febre, temor, fraqueza.
Reumatismo e dor nas juntas
Torpor e vaga tristeza
Embrulham duras perguntas

Que a doença da idade
Espeta no corpo velho
E a crua realidade
Enquadra na luz do espelho.

Por isso agora me sento
Ora na cama, na rede
E quando não mais me aguento
Mato com vinho essa sede

De vida que me percorre
O corpo já fatigado
E se o desejo me corre
O corpo cai derreado.

Que bom chegar aos noventa
Assim como já me sinto
Sabendo que o corpo aguenta
Toda mentira que minto.

Um dia serei poeira
Cumprindo o que há muito sei:
Lavrei minha vida inteira
Pra merecer esse velho
Que a meu modo serei.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Velhice


Se o espírito ri, o corpo chora
Se o corpo deplora, o espírito canta.
A velhice os opõe a cada hora
Que a vida consome e o tempo espanta.

Se o tempo esgota a juventude
Que é volátil e cessa ao fim do dia
O espírito ágil ainda se ilude
Vertendo o peso e a noite em vã poesia.

A noite um dia afinal desceu
Cravando a dor no corpo combalido.
O espírito lutou e até bebeu
O pó que exalta o corpo envelhecido.

Que força opor ao que é fatalidade
Se a carne passa e o tempo é imperativo?
O velho chega ao cabo da idade
Sem mais em si saber se é morto ou vivo.

E entanto ainda luta contra o tempo
Contra tudo que mina sua sorte
Passando enquanto o eco e a voz do vento
Transportam na passagem sua morte.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Gosto se não discute?


A voz corrente, que dizem ser a voz de Deus, afirma de pés juntos que gosto não se discute. Se Deus tem razão, então convém abolir a estética e de resto qualquer discussão, se é que queremos ser coerentes. Afinal, se gosto não se discute, qual o propósito de discuti-lo? O fato de discutir a questão já deixa claro o que penso: gosto se discute, sim. Tanto se discute que a voz do povo, ou de Deus, vive discutindo todo tipo de gosto, sobretudo o mau gosto que envenenou e corroeu toda uma tradição de debate sempre questionável, mas calibrada por padrões que há muito desceram pelo ralo. A relatividade diluidora promovida pelo mercado chegou a extremos tais que hoje as próprias instituições portadoras da tradição (a escola, o artista, a crítica especializada, o museu, a galeria de arte etc), portanto também detentoras dos meios de canonização da obra de arte, passaram a promover abertamente a desintegração dos critérios que conferiam suporte distintivo à obra e assim legitimavam o debate no campo artístico. Hoje impera o salve-se quem puder. Por isso passei a considerar perda de tempo a discussão do gosto estético, embora tenha acima deixado claro o que penso sobre esse tipo de discussão.
A introdução um tanto embrulhada deste artigo deriva do ânimo relutante com que me decido a entrar no debate meio que empurrado por sugestões procedentes de um artigo que Sérgio Buarque escreveu sobre o filme O som ao redor. Às sugestões do artigo somaram-se vários comentários, inclusive meus. Por fim, o próprio Sérgio escreveu para Sônia Marques e para mim propondo-nos um debate ou a redação de um artigo. Apesar de minha relutância já declarada, fica evidente que me apressei a escrever o artigo tomado pela esperança de que Sônia também amplie a discussão. Mas entro noutra digressão antes de ir ao cerne da questão.
À parte a qualidade notável da revista eletrônica Será, ressalto a coerência com que tem promovido o debate de ideias. Aliás, o ânimo questionador da revista está inscrito no próprio título que a identifica e vem estampado em letras nítidas no editorial definidor de suas credenciais. Sabemos que a história da mídia brasileira, talvez universal, está cheia de boas intenções programáticas. Quero dizer, é fácil pregar ideais democráticos e liberdade de opinião; o difícil é exercer uns e outra. Será? dá provas de sua coerência a partir do próprio corpo de editores e colaboradores que têm debatido livremente sem que até o momento nenhuma voz dissidente tenha sido condenada a trabalhos forçados na Sibéria, ou nos canaviais pernambucanos, para ficar em casa, por crime de opinião. Vamos agora ao que importa.
Quando me parecia estar consolidado na voz da mídia (não no gosto ao redor, segundo observação de Sônia Marques) o consenso ao redor do filme de Kleber Mendonça, Sérgio Buarque acelerou na contramão desencadeando essa arenga que não sei aonde vai dar. Aderi à voz dissidente até porque, como deixei claro, não morro de entusiasmo pelo filme. Mas paguei a carona que Sérgio me deu divergindo de passagem do que designei como o “psicologismo” de sua concepção da obra de arte. Dava já as favas por contadas quando Sônia inesperadamente se decide a discutir o gosto que não mais discuto, embora não ceda na minha convicção de que gosto se discute. O comentário de Sônia, assim como o de Homero Fonseca a propósito do meu artigo sobre Sérgio Buarque de Holanda, vale por um artigo. Entre outros méritos, ela me dispensou de esclarecer o que sumariamente anotara como sendo psicologismo, pois seus argumentos deixam claro que a emoção ou a sensação provocada pela obra de arte não é suficiente para qualificá-la.
Sérgio cita um verso de Manuel de Barros que aparentemente confirma sua concepção psicologista. Aliás, friso aqui, para não dar margem a maiores dúvidas, que entendo por psicologismo a recepção da obra reduzida a fatores puramente subjetivos. Se isso fosse suficiente para qualificar uma obra, então seria consistente dizer que uma música barata é cara simplesmente por estar associada a um grande amor perdido. A associação de raiz psicológica entre a canção e a perda do amor me comove independente da qualidade estética da canção. Se analisar ligeiramente a emoção que a música em mim desata, ficará claro que a emoção deriva de uma experiência irredutivelmente subjetiva, que nada tem a ver com a qualidade da música. Eu poderia chorar ouvindo qualquer outra canção associável à experiência da perda amorosa. Isso já aconteceu comigo, também com certeza com muita gente que teve a infelicidade de perder um amor ouvindo uma canção. Por isso convém ouvir Tom Jobim ou Chico Buarque na hora em que o amor nos deixa ou nos trai, pois é melhor chorar um amor perdido ou traído ouvindo Tom e Chico do que ouvindo Adilson Ramos ou Garota Safada. Como se já não bastasse a tortura do amor perdido! Estou apenas reiterando com exemplo e palavras próprias as observações agudas que Sônia anota no seu comentário.
Voltando ao verso de Manuel de Barros citado por Sérgio, aparentemente ele valida o psicologismo que critiquei. Penso, no entanto, que o sentido do verso está longe de ser unívoco. Introduzo aqui outra digressão que importa para melhor definir as linhas do debate. À diferença da linguagem científica e técnica, que visa a precisão, o rigor semântico que no limite alcança o alvo da linguagem unívoca ou de sentido único, a linguagem artística caracteriza-se precisamente pelo avesso do juízo que acabo de enunciar, isto é, quanto mais ambígua é a obra, melhor é a sua qualidade e seu poder de recontextualização e permanência. Toda grande obra de arte, noutras palavras, é composta de múltiplas camadas significativas. Evitando desdobrar o argumento, li há algum tempo uma longa entrevista concedida por Drummond a uma pesquisadora que estava então escrevendo uma tese de doutorado sobre a poesia dele. As perguntas, bem qualificadas, eram uma mescla de pergunta e comentário. Portanto, numa certa medida esclareciam de antemão parte do que o poeta respondia. Devido a essa circunstância, Drummond mais de uma vez concordou com pontos de vista contidos nas perguntas admitindo humildemente que o leitor não raro compreende o poema melhor que o autor. Há uma infinidade de exemplos dessa natureza.
Encurtando a argumentação, pois o artigo excedeu minhas expectativas, a recepção da obra de arte depende de múltiplos fatores, inclusive das nossas próprias expectativas, como novamente observa Sônia Marques. É por essas e outras razões que tantas vezes nos apressamos a dizer que gosto não se discute, ou que a qualidade da obra depende tão somente da emoção que desencadeia. Ou ainda, voltando a Manuel de Barros: o poeta não pensa, sente. Vou afinal esclarecer em que termos entendo o verso. Muitos poemas nascem de intuições, do fluxo emotivo que se apossa do poeta. Talvez por isso Manuel de Barros tenha escrito o verso endossado por Sérgio Buarque em defesa do seu argumento. Mas importa considerar que o poema que brota de uma emoção súbita, de uma sensação imprevista, obedece a princípios de composição racionalmente aprendidos. São os tais valores intrínsecos da obra de arte. No caso do poema, poderíamos lembrar o metro, a rima, o ritmo, a nuança semântica de um termo não raro arduamente extraído dos veios obscuros da língua. Nesse sentido, ser poeta é um ofício como qualquer outro, isto é, requer aprendizagem, disciplina, rigor estético e terminológico e sobretudo experiência vivida transposta para a linguagem. Parafraseando Tom Jobim, fazer poesia não é para principiante. O mesmo vale para as artes em geral.
Concluo justificando o título do artigo. O gosto artístico supõe gradações semânticas que, num certo grau, decidem até onde é ou não discutível. Para quem vai ao cinema matar o tempo (e sepultar a arte) ou fugir dos tormentos da vida, qualquer filme convém, sobretudo os que nos isentam de pensar. Para quem vê um bom filme, rico de significados, mas nisso se detém, apreende a obra dentro de limites pouco refletidos. Para quem vê esse mesmo filme com um amigo ou um grupo de pessoas e ao final livremente o discute à volta de uma mesa de bar, a própria discussão traz à tona sentidos e questões impensáveis no caso precedente. Por isso esta discussão concorre para apurar minha apreensão do filme, embora me falte o mais importante: a mesa do bar. Quem por fim vê um filme informado pelo olhar que a estética educa e refina, vê na obra imagens, sentidos, conexões e ambiguidades inexistentes para outras categorias de receptores. Tentei dizer tanto e todavia concluo consciente de que disse muito pouco. O pouco que disse eu devo em parte a Sérgio Buarque e Sônia Marques. Por que não decidimos esta questão ao redor de uma mesa de bar sem ruído ao redor?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Facebook e amizade


O Facebook é uma das evidências definitivas da transição de um mundo baseado nas relações face a face, expressão cunhada pela sociologia e logo estendida à linguagem corrente, para as relações virtuais. Trocando isso nos meus miúdos, deixamos de nos encontrar, de nos ver e tocar materialmente para nos relacionar como signos verbais e imagéticos, ou ainda audiovisuais. Por isso o Facebook é a grande esquina global onde todos se cruzam, se veem e se falam sem sequer precisar levantar-se da cadeira. Basta agora um clique no mouse e logo todos nos conectamos, nos fazemos milagrosamente presentes, não obstante ausentes, fechados cada um na sua ilha ou casulo.
Todos os dias vejo e converso com pessoas que nunca encontro. Estou só, cada vez mais só, e todavia povoado, aturdido por vozes e imagens, textos e palavras que já não vivo como um estado de vivência alucinada, mas como o novo estado de normalidade e modo de ser inventado pela tecnologia digital. Aprendemos a prescindir do outro e a lavrar ainda mais fundo nosso egoísmo e solidão porque nos tornamos essa inefável figura remota e imediata, ausente e presente, solidária e indiferente, ávida de vida e notícia e todavia aridamente entediada. A revolução que nos refaz é tão inusitada e contraditória que corrói as categorias lógicas mediante as quais a linguagem expressava a identidade e a contradição, as noções de espaço e tempo, de velocidade e duração. Em suma, estamos todos aprendendo a ser outro a cada dia. As condições do ser e do tempo foram viradas de ponta cabeça e não sabemos ainda o que fazer deste admirável mundo novo.
Embora declare minha incompetência que tem algo de geracional para lidar com a tecnologia digital, longe de mim pintar o Facebook com tintas sujas e paletas tortas. Aliás, se assim procedesse seria apenas contraditório de modo inconsequente. Pois não sou parte da rede, não me conecto quase diariamente para saber dos amigos, próximos e remotos, íntimos e estranhos? Apesar de ser um navegante bem seletivo e inconstante, tenho olhar atento para captar tudo que me parece interessante, inteligente, tudo que confere sentido e presença às pessoas que amo – agora virtualmente, vá lá, mas antes isso do que nada.
Cadastrei-me no Facebook por sugestão de um amigo. Além de ser incompetente para fazer essas coisas, ele me deu um conselho muito razoável: como tenho um blog e quero ser lido, então deveria cadastrar-me para postar o link de tudo que publico no blog. Segui o conselho com uma intenção, mas, como é freqüente, a realidade engendrou outras – ou outros efeitos, melhor direi. Bem pouca gente freqüenta meu blog, mas em compensação acabei sabendo do paradeiro de amigos há muito desaparecidos da minha vida. Passei a saber onde estão, com quem estão, o que comem, o que opinam e tudo que expõem na vasta esquina global. Aprendi inclusive a me valer da hiper-exposição da rede para melhor evitar quem não desejo, a melhor saber de quem quero, a rir com as postagens que me desatam o riso, a me comover com a beleza que irrompe na telinha numa multiplicidade de formas.
Em suma, encurtando o caminho, pois ninguém mais tem paciência para ler mais de uma página, o Facebook é o que já disse: a grande vitrine ou esquina global do mundo revolucionado pela tecnologia digital. É ainda tribuna, antro de fofoca e narcisismo sem freios ou senso de conveniência, palco de afetos e insultos, de indignação e conformismo. É ainda o palco onde todos nos supomos artistas e portanto importantes. Aqui todos se concedem uma importância indevida, uma relevância que ilude até os mais anônimos. Aqui, como tudo que é invenção humana, planta-se tudo e tudo frutifica, até o que já nasce podre. Há gosto para tudo e desgosto idem. Por isso importa recortar, cada um a seu modo, o seu jardim e lavrar o que resulta em colheita coletiva e portanto incontrolável. Quero dizer, cada um faz o que quer com o jardim alheio: há quem distinga a flor e amorosamente a recolha para enriquecer seu próprio jardim, assim como há quem a esmague ou simplesmente ignore. Somos assim ambivalentes em tudo: no amor como na guerra, no condomínio como no Facebook. Somos o bem e o mal porque estes pólos indissociáveis estão entranhados na nossa natureza. Concorre ainda para agravá-la o fato de que o bem não raro produz o mal e vice-versa. Agora ninguém mais precisa visitar ninguém, pois a internet fundou definitivamente a aldeia global. Se você não gosta, não importa de que ou de quem, basta desconectar. Desconectei.
já que este texto vai agora para o meu blog, então posso esticá-lo à vontade. Mas não ao ponto de entediar o típico leitor de blog, que nesse contexto é apenas uma variante do feicebuqueiro (que vá o neologismo). Quero dizer, um leitor algo mais paciente, que não larga o autor no meio de uma frase simplesmente porque este excedeu a medida de uma página, não importando sua qualidade. Seguindo uma sugestão de leitura de Fátima Duques, li uma crônica bem curta, mas certeira, de Ronaldo Monte, blogueiro mais experimentado do que eu. Ele critica com humor seco e preciso a diluição do conceito de amizade introduzida pelas redes sociais. É um fato que muito me incomoda. Embora tenha noutro texto deplorado essa nova noção de amizade, o amigo de Facebook, aproprio-me das sugestões oportunas de Ronaldo para acrescentar à minha improvisada caracterização do Facebook um aspecto cuja omissão empobreceria ainda mais minhas ponderações.
Importaria lembrar que a depreciação do conceito de amizade independe em certo grau da erosão afetiva causada pelas redes sociais. Na realidade, ela está entranhada na nossa mentalidade cultural, tendente ao desleixo e inconsequência das relações afetivas. Não é à toa que qualquer estranho, a propósito de tudo ou de nada, bate nas nossas costas e efusivamente nos chama de amigo ou amigão. No Brasil, dentro ou fora das festas e bares, todo mundo é amigo, todo mundo pulveriza na inconsequência das nossas relações este ser tão precioso e raro: o amigo. Outra evidência consiste na leviandade com que nos prometemos visitas e marcamos encontros sem que nunca umas e outros se tornem realidade. São coisas que dizemos por dizer com a inconsciência com que respiramos ou dormimos. Os estrangeiros que conheci ou acolhi no Brasil ficam desorientados quando se apercebem de que os convites e supostas visitas são apenas “para inglês ver”. Nada disso é para valer, assim como uma infinidade de coisas que prometemos e juramos não são para valer. Charles de Gaulle foi muito generoso quando disse a frase que ficou registrada na nossa história: Le Brésil n´est pas un pays sérieux.
Ronaldo Monte tem razão quando pisa no pé do Facebook irritado com essa banalização da amizade, que na rede se faz e desfaz com um simples clique no mouse. Mas volto a insistir neste ponto: somos um povo de amizades inconsistentes e fantasiosas. Somos amigos de carnaval, de festas que a troco de nada pipocam em qualquer terreiro ou esquina. Isso diz muito sobre a nossa futilidade e há muito me educou para desconfiar do foguetório dos amigos que me cercam nas circunstâncias convenientes ao egoísmo, à leviandade, ao mero acaso das circunstâncias. Amigo é outra coisa e não se faz no ruído momentâneo das festas e bares. Amigo é jóia rara que precisamos lavrar durante anos, sobretudo nas circunstâncias adversas e até extremas, pois é quando a amizade de fato reponta nas linhas puras da sua raridade.
O Facebook dissolveu o sentido real da amizade, que agora se faz ou refaz num simples clique, mas a cultura brasileira minou há muito, entre festa e batuque, misturando e diluindo cores e afetos, o sentido ontológico da amizade. Quem duvidar que procure um amigo na hora da necessidade, aquela que define quem é quem, quem é amigo ou simples parceiro de copo e de passo carnavalesco. Se amizade não se faz no Facebook, também não se faz num país onde todo mundo é amigo e amigão, onde as crianças aprendem desde os primeiros dias de escola a chamar a professora de tia e tiazinha. Uma cultura que assim socializa suas crianças está lavrando desde a origem o culto da amizade inconseqüente e confundindo amor e amizade com falso parentesco. Portanto, não culpemos o Facebook por males entranhados na nossa cultura que tanto celebramos, como se essa manifestação de amizade fosse algo além da futilidade dos afetos. Quantos estrangeiros não se enganam com esse foguetório, esses braços abertos para a amizade que não passa de festa? Quando a festa acaba e os bares se fecham, quando a escuridão desce sobre nossas vidas, quase sempre descobrimos desamparados que não há e nunca houve nenhum amigo real.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Falo


Falo do falo
E se não falo
Ela se queixa.
Mas se me calo
E ergo o falo
Ela não deixa.

Se fosse gueixa
Com briga ou queixa
Feliz seria.
Bem mais o falo
Pois já fiz calo
Na mão vadia.

Se a vejo falo:
Chupe meu falo
Minha vadia.
Mas ela alega:
Sexo é brega
Sem poesia.

O que ela quer
Diz Macalé
Meu outro e guia
É falo duro
Detrás do muro:
Eis a poesia.
Recife, 11 de dezembro 2010.