segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Soneto intransitivo


Tanto amor nas fontes represado
Tanto amor doído e inconfesso
Tanto desejo de amar e ser amado
Tanto de ti no tanto que não peço.

Tanto amor no corpo intransitivo
Tanta memória na noite solitária
E esse silêncio prenhe de sentido
Na vida tão sozinha e entanto vária.

Tantas vozes remotas no deserto
Que hoje habito e estreita o seu aperto.
Tanto que fui no tanto que vivi

Tanto de ti nas sombras que a vagar
Confundem meu desejo de partir
Na dor de ainda e sempre te amar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A duração do amor


Amor é sempre pra sempre
Embora sempre acabe.
Vai para a frente demente
Velando no seu alarme
No grão de cada memória
O amor que perdido arde.

Amor é sempre pra sempre
Por isso tem tanto medo
De dar o que nem pressente
Que moerá no degredo
Da perda onde de repente
Refaz seu sempre enredo

Fechado em seu próprio fim:
Perder-se no ser do outro
Que se exila de mim.
E assim amando pra sempre
O amor, ferida demente
Arde no inferno sem fim.