sexta-feira, 15 de abril de 2016

No Mural do Facebook - VIII


O lugar comum depois das manifestações:

As manifestações contra a corrupção, Lula, Dilma etc, estão ainda em curso, inclusive a de São Paulo, que é a mais importante. Ainda assim, gravo aqui os lugares comuns que a observação da realidade me sugere:
A voz do povo não é a voz do PT.
A jararaca botou o rabinho entre as pernas.
A vontade espontânea do povo não quer esse poder sujo que está aí nem endossa as alternativas visíveis. A voz popular não quer o que está aí, mas também não sabe ainda o que quer. Melhor dizendo, recusa todos os partidos e alternativas constituídas. A única unanimidade positiva parece ser o apoio a Sérgio Moro e tudo que ele simboliza de novo na política e na sociedade brasileira.
Felizmente a militância petista criou um pingo de juízo, botou o pé no freio e não partiu para a porrada. Lula nunca foi paz e amor. A maioria do povo é.
Ou o povo já não está com o PT ou então o povo não está nas ruas. Se o povo não está nas ruas, então essa multidão é a elite que odeia o povo e o PT.
A cabeça da jararaca está ficando careca.
Tem mais não.
(Postado no Facebook, 13 de março 2016).

O culpado é Hegel:

Já vi aqui tanta postagem sobre o tropeço dos magistrados que confundiram Hegel com Engels que acabarei me convencendo de que o que está em jogo é Hegel, ou melhor, a ignorância dos promotores. Que tal a gente esquecer tudo que verdadeiramente importa e propor a Faustão ou qualquer desses educadores das massas brasileiras uma sabatina sobre o idealismo alemão, Hegel, Marx, Engels, Lenin (não confundir com o cantor), etc?
Já disse que sou contra a entrevista dos promotores e as medidas que recomendaram à autoridade competente. Portanto, posso criticar esse show de hegelianismo vulgar como mero diversionismo ideológico. No mais, é estranho que os petistas tanto se encrespem e malhem a ignorância de um grupo de promotores que com razão lhes inspiram ódio. Mas isso não condiz com quem tem como líder um político que sempre brandiu com orgulho sua ignorância e nunca mediu palavra nem grosseria quando se pronunciou publicamente. Para quem não tem memória, e hoje no Brasil parece que toda memória está se tornando sectária, basta lembrar o que ele disse no Instituto Lula logo que saiu da condução coercitiva. Não se corrige uma "menas" a verdade com ignorância, muito menos com mentiras arrogantes.
(Postado no Facebook, 11 de março 2016).

A Ética da Guerra Ideológica II:

Ontem li aqui no mural do Facebook uma denúncia caluniosa contra o juiz Sergio Moro. Lamento declarar que a denúncia procede de Marcos Costa Lima, pessoa querida e muito respeitada no meio acadêmico. Segundo a denúncia, o juiz seria filiado ao PSDB. Marcos acrescenta que o juiz não dissimula sua filiação partidária e seu ódio a Lula e Dilma. Mas a coisa não para por aí, pois acrescenta faltar vergonha e isenção ao juiz cuja filiação partidária explicaria o tratamento leniente ou cúmplice que concede a FHC, Aécio e outros.
Acabo de comprovar, depois de ler um post refutando as acusações feitas por Marcos Costa Lima, que a pessoa em questão é outra, não o juiz. Saltando para os comentários ao post de Marcos, Eduardo de Alencar esclarece que a página não é do juiz Moro, como em próprio comprovei antes de vir digitar este post. Marcos agradece o esclarecimento, mas reitera tudo que escreveu contra o juiz. Também o aluno que lhe forneceu a informação caluniosa, Amarílio Neto, identifica-se rindo sem se desculpar ou admitir qualquer falsidade. Isso é o que chamei aqui de ética da guerra ideológica.
(Postado no Facebook, 8 de março 2016).

A Ética da Guerra Ideológica:

Quanto mais nos avizinhamos do próximo domingo, com manifestações previstas por todo o país, e quanto mais o processo da Lava Jato progride, mais se exacerba a guerra ideológica nas redes sociais. Quem de fato quer passar o Brasil a limpo, quem quer preservar e fortalecer nossas frágeis instituições democráticas não entra nesse jogo sujo da guerra ideológica. Mais do que denúncias infundadas, acusações sem comprovação e até a pura montagem mentirosa, como o vídeo que acabo de ver no qual Paul McCartney supostamente exalta Lula numa entrevista coletiva que prevê a volta deste em 2018, há um clima de crescente promoção da intolerância e da violência.
Lula tem uma grave responsabilidade em tudo isso, pois foi o único líder político de peso que veio a público radicalizar esse clima. A quem serve tudo isso? Serve evidentemente aos extremistas da esquerda e da direita, a todos que lutam para manter o Brasil da intolerância, da impunidade e do atraso. Quem quer um Brasil mais justo e civilizado, defende sem restrições a investigação e punição de todas as denúncias fundadas e comprovadas. Isso deve servir para Lula, FHC, Aécio Neves, Dilma, Eduardo Cunha, todos que cometeram crime contra a democracia e as instituições que a sustentam. Promover guerra ideológica é concorrer para o agravamento da intolerância, da violência, da manutenção do Brasil dos privilégios e da impunidade.
(Postado no Facebook, 8 de março 2016).

A alma honesta:

A alma honesta jamais louva a si própria, muito menos alardeia sua virtude, já que a arrogância é inconciliável com qualquer virtude. Sua natureza consiste na ação, não na fala. A alma honesta não precisa dizer o que é.
Antipascaliana:
A razão tem razões tão ciente
Que o cego coração nem pressente.
Wittgenstein - melhorar o mundo:
Certa vez um discípulo de Wittgenstein perguntou-lhe o que deveria fazer para melhorar o mundo. Melhore a si próprio, respondeu o filósofo, pois isso é tudo que você pode fazer para melhorar o mundo.
(Postado no Facebook, 1 de março 2016).
Oposição política etc:

Faz algum tempo que resisto à tentação de digitar algum post sobre o bananão político brasileiro. Defendo todas as investigações e punições legais, mas não aposto um centavo na oposição que temos, não aposto um centavo na classe dirigente brasileira. Já disse aqui que nossa chamada elite, conceito mais extenso do que o de classe dirigente, não é elite, mas clientela. A frase é de Evaldo Cabral de Mello, historiador que conhece nossa história como poucos.
Volto a escrever porque li alguns posts bebendo uísque. Aí fica bem mais difícil conter meu desejo continuamente refreado de opinar. Quando a oposição começa a se agitar, isso é sintoma de que a vaca há muito está no brejo, assim como Minas, que não tem mar, corre o risco de não ter mais rio. Quase todos são oportunistas e raros podem apontar o dedo contra a bandidagem que está depredando o Brasil em todos os sentidos. Onde estão Marina e Aécio depois de toda a água podre que já rolou sob e sobre as pontes e cidades e palácios e estatais etc e tais? Que líderes alternativos são esses que se apagam na hora em que os verdadeiros líderes se impõem?
Por mais que diga que não mais me decepciono, pois esgotei minha cota de crença, admito que me decepcionei mais uma vez. Não com a bandidagem do PT, já que nunca fui petista nem votei em petista. Decepcionei-me (shame on me!) com intelectuais que nos anos 1970 e 1980 inspiravam-me admiração e respeito. Eles estão aí rastejando aos pés de Lula. Usando a linguagem que todo marxista compreende, não passam de lacaios do PT. E eu que durante tantos anos acreditei que os intelectuais eram a consciência da sociedade. Shame on me!
Mais uma vez me repetindo, quem tem a esquerda que temos não precisa de direita. Essa lenga-lenga sectária que acusa todos os críticos do PT e associados como direitista, fascista, neoliberal et caterva, diz muito da miséria ideológica e moral do Brasil. O buraco é tão mais embaixo que só me resta reiterar meu ceticismo. Defendo integralmente a faxina possível, mas não tenho mais idade nem experiência para me enganar sobre o Brasil. Seria consolador acreditar que nossos males são apenas Lula-Dilma, PT e associados. Como cantava Cazuza, um cantor que nunca ouvi, Brasil, mostra a tua cara. Quando?
(Postado no Facebook, 24 de fevereiro 2016).

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