quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A solidão da madureza


Deus me negou um amor
No tempo da madureza
Quando a noite sobre mim desce
E a solidão me oprime.
Depois de tantos que tive
De tantos que já perdi
Depois de tudo que dei
Do que errei e traí
Na noite do desamparo
Minhas lições desaprendo.

Tanto neguei o amor
Tanto quanto Deus neguei.
A vida foi encolhendo
E a casa quedou deserta.
Também a própria cidade
Que antes em flor se abria
Suas muralhas fechou-me
Me condenando ao exílio.

Deus me negou um amor
Um amigo, abrigo, cidade.
Vago na noite deserta
E à casa enfim me recolho.
E no balanço de tudo
Já nada ou ninguém encontro.
Os frutos da madureza
Sobre o asfalto murcharam.
Ouço ruído nos bares
Os tiros dentro da noite.
Amanhã serei famoso
Quando a tv me vender
Os crimes que cometi.


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