terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Tarde


Não é a idade que me pesa.
É essa vida sem clareiras
para a vida.
É a bruma do ser
pairando na tarde sem luz
e sem amor.

Não é a memória que me pesa
depois de anos lavada
esquadrinhada e devassada
pelo exame tenaz e recorrente
da razão eriçada pela vontade
e o medo de me tornar pior do que me fizeram.

Mas é também a memória que me pesa
quando no fim de tudo
na nitidez impiedosa da tarde
no duro balanço de tudo
sei que não sou o que quis
sequer o que poderia.
E agora é tarde
e tudo é irreversível.

Recife, 13 de agosto de 2012.

Um comentário:

  1. OLA, FERNANDO!

    Belo poema. Tenho dúvidas quanto ao peso da memória. Isso quando não me chega um lapso vulgar. Um abraço forte

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