sábado, 28 de agosto de 2010

Amor e Mentira




As mentiras do amor são tão comuns
Que ao cifrá-las a ciência perde o senso
Pois embrulha os enredos nus em uns
Gatos turvos pelas farsas que invento.

O que minto e não digo contamina
O amor que na outra ponta me engana.
Uns que mentem presto alegam ser a sina
A semente que do engano sempre emana.

Outros dizem que mentir é condição
Inerente ao amor e a quem ama
Pois o fogo que fervilha na paixão
É a mentira que fermenta toda chama.

Que diria eu de mim, do meu amor
Se a mentira é corpo estranho ao que me sei?
Se amei fui no amor um impostor
Se menti apenas provo que amei.

Recife, Hospital Santa Joana, 30 de julho de 2010
Fernando da Mota Lima.

2 comentários:

  1. Belos versos. Dignos de um intelectual iluminista. Discípulo de Drummond e Waldick.
    Um grande abraço.

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  2. My dear Cap:
    quer dizer que agora você me ataca anonimamente? Aguarde o e-mail que escreverei logo em seguida.
    Fernando

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