terça-feira, 12 de julho de 2016

A voz da insônia


O que farei de mim quando a tristeza
Baixar na solidão do meu outono
E a noite dissolver tua beleza
Que o mar resserenava no meu sono?
Eu me reviro como um cão sem dono
Na noite insone do meu abandono.

Se a memória mais e mais me assalta
Vertendo uma corrente de sucessos
Que extremam minha dor da tua falta
Eu rezo na insônia os longos terços
Que antes o ateu nos seus avessos
Negava na paixão da noite alta.

E agora eu me pergunto em meu tormento
Se antes de morrer algum alento
Virá apaziguar a minha dor.
Por fim o sono desce e tudo é treva
No abismo que não sei aonde me leva
O hiato entre a vigília e o desamor.

2 comentários:

  1. Você poderia me ensinar como fazer o sono descer? É barra depois de tomar o comprimido para dormir ele não fazer efeito e me jogar em vigília a procura do fantasma de Eros. ..

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  2. Auden, meu poeta inglês preferido, lutava todas as noites essa mesma batalha, sobretudo na velhice, quando tudo piora. Conseguia sempre derrotar a insônia se drogando mais. Em suma, se você não consegue dormir com uma dose, dorme com duas.

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