sábado, 3 de dezembro de 2011

Miragem do nada


Esse fascínio do nada
Que há tanto vive comigo
Modo de ser, minha estrada
Vazio em que me abrigo.

A tirania do ego
Impregna o que respiro.
A quantos não dá emprego
Atando lucro e castigo?

Sonhei um outro Ocidente
Que nunca hei de encontrar
Com seu quinhão de Oriente
Deserto à borda do mar.

O nada a mim me persegue
(fosse ele convicção...)
Buda, nirvana, o que negue
O pleno na imensidão.

Que portas posso eu abrir
Com as chaves do Ocidente
Servas do ego, da fala
Desse discurso de sala
De devaneios dementes?

Pudesse eu alcançar
O cume, ataraxia
E no silêncio do mar
No nada, pó de luar
Me dissolver em poesia.

Recife, 27 de agosto de 2011.

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