sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sextilhas para Clarice


Clarice, quem foi que disse
Que a voz do amor era triste
Mais triste do que ninguém?
Há quem na vida, Clarice
Morra de dor e velhice
Só, sem amor de alguém.

A tua prosa, Clarice
Tece a tristeza mais triste
Tece alegria também.
Que outra mulher resiste
Agora que te partiste
No azul humano e além?

Se tantas foste, bem mais
Na tua mina és capaz
De outros Outros lavrar.
Sobre meu céu tua estrela
Brilha na noite mais bela
Clarice: deusa do mar.

Na noite longa, em Recife
Houve a menina Clarice
Vinda de mundos ausentes.
A vida reinventada
Nasce das formas do nada
Forjada no amor que sentes.

Adeus é a falta demente
De quem abole o presente
Depois de tudo perder.
Por isso não leio adeus
Nas linhas dos livros teus
Que são teus modos de ser.

Recife, 12 de abril de 2008.

4 comentários:

  1. Bacana. Muito bom: "a vida reiventada nasce das formas do nada". Feminino. Gostei!
    Bjoca.
    Vivi.

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  2. Rose e Vi: muito grato pela leitura sempre generosa. Espero que vocês estejam aproveitando a páscoa e o feriado longo do melhor modo possível. Um deles seria reler Clarisse. Beijos,
    Fernando.

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