terça-feira, 13 de setembro de 2011

A aridez do amor



Já não canto o amor, pois o amor
Mudou de qualidade e natureza
Fazendo do amante e do amador
Um servo da mentira e da avareza.

Já não canto a musa. Ela migrou
Para a bolsa, o bordel, para a vitrine.
O mundo é vil comércio e o que restou
É lodo de paisagem que deprime.

Já não canto o sentido que minou
O solo em que brotava o azul da flor
A febre da paixão e do lirismo.

Canto a aridez no fio da descrença
Nutrindo no deserto essa doença
Bailando à borda do insensato abismo.
Recife, 27 de agosto de 2011.

Um comentário:

  1. Contudo, é melhor obedecer aos outros poetas:
    "Não facilite com a palavra amor."...
    pois
    "...Não há guarda-chuva contra o amor..."

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