domingo, 4 de setembro de 2011

Poema para Kay



Quando cresci
Um vate mineiro
Desses que sonham ser ilha
E entanto são frátria concha
Disse: vai, Nando, fall in love with Kay.

Os olhos dos brasileiros seguindo as pernas de Kay
Pernas brancas douradas viajantes
Escandinavas de Diva divinas alvinas:
As pernas de Kay.

A loura no sol dos trópicos
É bela alta transculta
Morena como vocês.
Quase não samba.
De poucos, raros batuques
A loura dança inglês.
Mas é tão gauche movente
Borrando língua e fronteira
Que dança salsa Caribe
Mesclando um toque de mangue
E sangue afro-inglês.

Por que entre tantas portas
Nos trópicos de tantos portos
Vem essa deusa impossível
Turvando-me com tantos trevos
Seus frevos dançar aqui?

Mundo mundo nado e o fundo
Profundo se abre em mim.
Mundo e Nando me infernando
Fosse eu apenas Fernando
E Kay seria meu fim.

Belo Horizonte, 25 de outubro de 1999.

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