sábado, 20 de agosto de 2011

Deus



Deus

Deus nem sabe que existe.
Deus é o eco
Da humana solidão desamparada.
Deus é o sopro dilatado no vazio
O sonho alarmado do meu nada.

Deus nem sabe do eterno em que repousa
Poeira na tormenta
A voz de uma carência indesvendada.
Deus ri da força delirante que o gerou
Temente de mirar-se no seu nada.

Deus nem sabe que sou
Murcha flor
Regada sobre a terra devastada.
Deus despido de si contempla o abismo
E salta para o fundo do meu nada.
Recife, setembro 1995.

Deus
Deus existe.
Deus é chiste
Deux existe
mais je suis un.
Recife, 25 / 02 / 2007


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