terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Paulo Francis na Cabeça


Para Paulo Fradique e Tarcísio – amigos que saberão ler as linhas e sobretudo as entrelinhas deste texto.

Concebi estas breves notas opinativas, quando possível com seu grão de humor, em memória e louvor de Paulo Francis, um dos raros intelectuais brasileiros de opinião livre. Não raro divergi dele, do seu tom por vezes brutal, mas nele muitas vezes humildemente inspirei-me para ousar viver na contracorrente dos bem pensantes, do bom mocismo humanista, do servilismo mental que induz à adoção do juízo corrente. Sei bem disso porque foi nesse solo que me (de)formei: o do bom mocismo humanista de esquerda, o caldo de ideologia edificante correntemente batizado como o saber politicamente correto. Sapere aude, como reza a máxima procedente de Kant, tantas vezes amplificada no ensaísmo refinado e racionalista de Sérgio Paulo Rouanet, outra expressão de liberdade intelectual que também me inspira. Inspirei-me ainda no humor corrosivo de Millôr Fernandes, talvez o espírito mais livre que já existiu em toda a nossa tradição intelectual, tão afeita ao tribalismo ideológico, também ao radicalismo de cátedra, para evocar um outro intelectual que também me inspira: José Guilherme Merquior.
Foi com Paulo Francis e Bertrand Russell (um dos seus heróis intelectuais, também meu) que comecei a compreender o horror da dominação imperialista imposta pelos Estados Unidos. Mas logo também passei a compreender que a opressão política não tem bandeira, o que não quer dizer que seja a mesma em qualquer lugar, época ou circunstância. Mas acredito que pensar com liberdade é questionar qualquer poder, qualquer forma de dominação, não importando suas credenciais ou procedência. Acredito ainda que pensar com liberdade é aprender a discernir as infinitas tonalidades do mal e seu avesso, sobretudo a inesgotável cadeia de racionalizações de que nos valemos para mascarar ou justificar o que somos ou temos de pior. Neste quesito, o guia supremo talvez seja Freud, que também inspirou Russell, Francis e alguns dos outros modelos que procuro sempre lembrar quando tentado por todas as baixezas da nossa condição. Enfim, como diria Machado de Assis, longamente incompreendido por todas as correntes ideológicas como se fora apenas a estátua oficial erguida pela Academia Brasileira de Letras, tudo, menos ser empulhado. Repito Machado: tudo, menos ser empulhado. Encerro este intróito às breves notas opinativas que seguem citando com justiça e propriedade o próprio Paulo Francis: “Aceito os riscos e incertezas dessa liberdade, essencialmente modesta, pois me acho disposto a aprender do que e de quem me persuadir. Ainda que sozinho continuarei assim, pois sei que estou muito bem acompanhado”. Em suma, aludindo ao título de um dos seus livros, sigo as certezas da dúvida dentro da minha obscura solidão. Por mais metódica ou sistemática que seja, a dúvida encerra, sim, as suas certezas. Sem estas, ela está condenada ao niilismo inoperante e autodestrutivo.

Sou do tempo em que sexo era pecado.
Virgindade era virtude. Refiro-me evidentemente à virgindade feminina.
O Brasil parecia ter jeito, ou pelo menos a gente acreditava. Hoje a gente sabe que é insolúvel, mas finge acreditar que ainda dará certo.
Todas as pessoas de bem, ou supostamente de, tinham orgulho de ser de esquerda. Quem não era comunista era com certeza simpatizante ou companheiro de viagem.
Sou do tempo em que meus amigos brigavam por idéias, ainda que tortas e dogmáticas. Hoje brigamos apenas por cargos e escalas de renda e consumo.
Sou do tempo em que Gilberto Freyre era reacionário e liberalismo era um insulto ideológico. George Orwell era agente do imperialismo americano e Stálin era o grande benfeitor da humanidade. Che Guevara simbolizava um fuzil varrendo a América Latina com múltiplos focos revolucionários. Hoje, como o compram, é um mito romântico domesticado pelo consumo que o converteu em pura dureza enternecida.
Sou do tempo em que João Mohana era um iluminista da pedagogia sexual. Quem ainda sabe quem foi João Mohana? Pois esclareço: foi um padre e psicólogo autor de uma obra obscurantista que fez grande sucesso entre o público jovem e cristão: A Vida Sexual dos Solteiros e Casados. Punido por minha insaciável curiosidade juvenil, li a obra de ponta a ponta, entre excitado e temeroso. O efeito mais desastroso dessa insensata viagem no bojo do iluminismo católico da época foram as noites em claro atormentadas pela ameaça de contrair tuberculose e doenças ainda mais tenebrosas, pois esta era uma das mais doces consolações que o padre assegurava a quem ousasse masturbar-se ou ceder a outras práticas sexuais horripilantes.
Sou do tempo em que acadêmicos de esquerda iam fazer pós-graduação nos EUA e retornavam a suas universidades de origem para dissertar sobre paradigma histórico-estrutural com ares de quem estivesse fermentando uma revolução comunista nos minúsculos círculos elitistas da pós-degradação que se tornou uma fábrica de diplomas para doutores iletrados.
Sou do tempo em que pessoas de direita mascaravam seu direitismo alegando ser de esquerda. Com a derrocada fragorosa dos regimes supostamente comunistas, somada à ascensão da esquerda em países do tipo do Brasil, esquerda e direita foram ficando semelhantes ao ponto de em termos práticos se indiferenciarem. Sendo assim, não é de espantar que esquerdistas se orgulhem agora de ser de direita e direitistas se orgulhem de ser de direita. Enfim, parece que agora todos chegaram ao consenso tardio de que a realidade é de direita. Digo isso porque Freud – também eu, imodestamente – há muito sabia disso, fato que de resto não o torna necessariamente de direita. A propósito, quem sabe mesmo o que é ser de direita ou de esquerda?
A classe média ouvia Bossa Nova, Chico e Caetano, Edu Lobo e Gilberto Gil. Por isso olhava de cima, com patente desprezo, para bregas e bolerões como Waldick Soriano e Benito de Paula. Hoje, pasmem, Waldick, Benito e Ivete Seugalo são clássicos da MPB.
Filme de arte era atestado de identidade intelectual e ideológica. A gente morria de tédio, mas o tédio pagava os créditos do reconhecimento.
Sou do tempo em que Porto de Galinhas era um paraíso antropológico, uma povoação de pescadores de repente invadida por Marcelo Guerra, Maria, Maridite, o lendário Capitão América, Sueli, Zé Carlos, Bete, eu e outros bárbaros da civilização urbana. As meninas, pasmem novamente, acampavam a pretexto de dar plantão nas clínicas e hospitais. Era o único meio capaz de fazer a família, zeladora da virgindade feminina, afrouxar as rédeas de nossa liberdade juvenil.
Sou do tempo em que havia barulho no ar, nossa cultura foi sempre ruidosa, mas em algum remoto lugar era ainda possível captar no silêncio miraculoso da madrugada as ondas sutis de um acorde dissonante. Hoje, até dentro de minha casa, último e vulnerável reduto de minha liberdade, sou forçado a ouvir tudo que rejeito e odeio: o vendedor de gás, o traficante de cd pirata, o alarme dos carros, a febre trepidante da construção civil, o buzinaço dos torcedores de futebol eufóricos e toda a boçalidade repetitiva que designam como música popular contemporânea. A tortura mais inescapável e corrente do nosso tempo é a auditiva. Isso explica o paradoxo seguinte: num país orgulhoso de ser tão musical, bem poucos fazem e ouvem música. Ninguém precisa da idiossincrasia de João Gilberto, nem do recolhimento dos monges, para constatar o quanto fomos privados da liberdade de ouvir o silêncio.
Fumar era um ato de ingresso e afirmação dentro do mundo adulto. Era sobretudo sedutor e por trás da névoa de fumo a gente dissimulava a timidez e insegurança diante da mulher desejada. Hoje o fumante é o equivalente do comunista dos anos setenta.
Ah, o cinema ia morrer. Somente o livro, na crônica dos vaticínios catastróficos, teve e tem fôlego de sete gatos para morrer e ressuscitar mais que o cinema.
Como vêem, sou velho. Sou tão velho que nasci num outro século, num tempo em que palavrão era palavrão. Hoje é apenas refrão do vocabulário infantil.
Sou do tempo em que todo mundo era contra o mercado, tinha horror ao mercado. O mercado que reconhecíamos, e amávamos com tinturas de lírico esquerdismo populista, era o mercado popular com sua sujeira, seu tradicionalismo insalubre, sua inércia mercantil. Flávio Brayner e Luciano Oliveira, por exemplo, marcavam namoro aos sábados no mercado da Madalena, ou no de Casa Amarela. Em tempo: namoro com as namoradas, não namoro entre eles. Aliás, no meu tempo todos éramos machões, até as bichas. Shopping, invenção posterior agora convertida em templo do consumo, shopping era apenas chope.
Sou de tempo em que honestidade era virtude. Meu pai, já falido, vendeu os cacos sobrantes para pagar seus credores, não para antes investir num outro meio de vida. Bem, acho que ele confundiu honestidade com imprevidência. A prova é que durante anos vivemos apertados pela pobreza. Subi tanto, pasmem novamente, que hoje até pareço rico.
Sou do tempo em que havia apenas um marco teórico: o marxismo. Os outros estavam apenas condenados ao paredão da justiça pós-graduada. O mundo deu voltas tão alucinantes que até eu fui elevado à gloriosa categoria de marco teórico. O autor desta façanha, provável candidato ao Bobel das Ciências Humanas, é meu delirante amigo Flávio Brayner. E eu que sonhei ser apenas o marco zero. Friso a tempo, antes que me leiam como um seguidor da humildade, ou da nulidade intelectual, que o marco zero que tenho em mente é o fundador do Recife, a origem de todo esse vasto acampamento urbano que tantos orgulhosamente confundem com uma cidade.
Depois de transpor a barreira dos setenta, meu mítico amigo Daniel Lima divertia-se lembrando sua juventude de homem magro. Por isso ria repicando o mesmo e engraçado bordão: eu era tão magro... Pois também posso eu agora começar repetindo sua toada: eu era tão magro...
Por volta de 1915, Lytton Strachey, constrangido, declarava-se um velho à sua jovem amada Carrington. Tinha então 36 anos. Pouco mais tarde, aí por 1942, Drummond gravou este verso num poema: há muito pressenti o velho em mim. Tinha 40 anos. Não recuo ao século XIX porque então as diferenças eram ainda mais extremas. Basta lembrar que as pessoas já nasciam velhas. De lá prá cá, sobretudo hoje, essas medidas de idade sofreram uma autêntica revolução. Hoje os menores de 15 anos, incluídas as crianças, querem ser adultos apenas para exercerem o direito de praticar prazeres inacessíveis à criança e ao adolescente. Os adultos, maduros e velhos (perdão, quis dizer terceira idade) querem apenas ser adultescentes, isto é, aduladores dos delinqüentes. No futuro, não muito remoto, a cultura narcisista abolirá a velhice e a morte e então seremos todos eternos. Aviso que já sou.
Nossa identidade é uma costura consistente de muitas máscaras não porque queremos ser hipócritas ou mentirosos, mas porque precisamos dissimular para conviver e ser aceitos, medida necessária de nossa própria aceitação. Não obstante toda a reivindicação de transparência e verdade que inscrevemos no cerne de nossos ideais éticos, a nua transparência do que somos constitui uma verdade intolerável para as convenções que regem o funcionamento do mundo. Eliot assinala num dos Four Quartets o quanto é limitada nossa medida de suportação da verdade. Se igualmente pouco toleramos a mentira nua e crua, como então determinar a medida do que somos e fingimos?
Pensando melhor, não fui eu que envelheci, foi o tempo que se apressou. Mais que pressa, há nele uma progressiva aceleração que se manifesta no espaço e dentro de nossa medida subjetiva. Um dia deixarei de ser um nome para me tornar gerúndio: um tempo sempre sendo. Aliás, meu nome é gerúndio: Fernando. Faltou-me a coragem de ser Infernando.Um dia inventarão a parada móvel, o sono acordado, o presenteando: presente sempre em processo. Um dia, carente de identidade, um dia sonhei ser eu. Sei agora que ser é sempre ser outro. O outro é nosso incerto destino.
Espanta-me ainda toda a cantilena que desenhamos em nome da felicidade. Dela falamos sempre e desejosos a evocamos como se ser feliz fosse um fim, quando não é sequer uma possibilidade. A felicidade é apenas um delírio obsessivo que inventamos, pois que seres feitos de nossa insensata matéria não podem nunca alcançá-la. Os afortunados, poucos mas reais, poucos mas empiricamente assinaláveis, provam-na enquanto estado, enquanto deleitação momentânea, não enquanto expressão de permanência. Se fôssemos capazes de ajustar a medida do que desejamos à medida do que efetivamente somos, regularíamos nossos desejos e fantasias imantados na medida da felicidade momentânea. Noutras palavras, não estamos no mundo para ser felizes.
Uma das mais graves e difundidas moléstias do nosso tempo é a compulsão de ostentar felicidade e otimismo. Pessoas visivelmente infelizes falam de si próprias como se fossem clipes publicitários ambulantes. O cúmulo dessa estranha forma de alienação é o slogan “sem medo de ser feliz”. Se bem o entendo, ele sugere que a única razão de nossa infelicidade radica no medo que sofremos de conquistá-la ou simplesmente fruí-la.
A mulher? Sei que é a grande ausência aparente deste delírio em que racionalmente me meço e me repasso. Como falar da mulher num texto em que ironicamente me cotejo no tempo neste acentuando as linhas indisfarçáveis de sua passagem e ação? Se de algum modo somos vítimas do tempo, ninguém o é mais que a mulher. Daí tantas vezes lembrar a amigos, em nossa correspondência mais íntima e livre, as formas mais cruéis de manifestação da mãe natura. A mulher não se espelha nas linhas deste discurso porque temo de algum modo feri-la aludindo aos estragos que o tempo risca sobre sua pele, sobre sua inefável beleza que é objeto de meu culto mais lírico e secreto. É preciso que num homem se combinem a privação de uma mãe e a fatalidade da poesia antes vivida que realizada para que bem se compreenda a razão do meu objeto de culto. A mulher é tudo e tudo é apenas a mulher. Por que então precisaria eu iluminá-la nas linhas tortas de minha noturna e encantada navegação?
Mas acreditem: meu tempo é hoje, como na canção de Paulinho da Viola.
No dia do meu aniversário – 03 de outubro de 2007.

8 comentários:

  1. Jonatas:
    Leio seu comentário às 3 da madrugada depois de um apagão no bairro que me isolou do mundo durante cerca de onze horas. É claro que foi bom voltar à luz lendo suas palavras. Os mortos, acredito, Paulo Francis e os demais, descansam sempre em paz, pois felizmente fui poupado das crendices religiosas que inventam infernos e outros terrores numa esfera transcendente. O que queria era que alguns vivos importunos me deixassem em paz. Grande abraço de gratidão por tudo que você fez para dar vida a este blog.
    Fernando.

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  2. Paulo Fradiquedezembro 07, 2009

    Caro Montalbano,

    grato pela lembrança e pela companhia, os amigos reais e os textuais. A vida, digo a minha, teria sido mais árdua sem esses companheiros de viagem. Sinta-se também incluso quando falo de companheiros. Você é por justiça e reconhecimento afetivo, o eixo de rotação em torno do qual ora nos agrupamos, ora nos desagrupamos. As boas risadas que demos juntos, você tão divertido que acabei de lhe pespegar um novo epônimo: Montalbano. Pois bem, embora nossos encontros sejam hoje tão bissextos, guardam ainda assim uma lição altruísta e alegre de vida. Creio que Tarcísio e Aldemir concordam comigo (caramba, cadê o comentário de vocês?? Vão deixar o caçulinha falar por vocês???). Espero que voltemos a conviver, contra todos os descaminhos da existência. É isso aí, vida longa a todos. Bem e paz. Paulo.

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  3. Paulo Galego:
    Não preciso ressaltar o prazer com que leio o comentário acima. Dediquei o artigo a você, Tarcísio e Aldemir porque vocês estão em muitas das entrelinhas dele. Quando louvo a independência crítica de Francis, também considero, ainda nas entrelinhas, episódios da vida de vocês que transportam para a esfera do meu convívio algo dessa independência. No mais,confesso lamentar que Tarcísio e Aldemir não me forneçam sequer um sinal de que receberam o artigo. Mas vamos prosseguir a viagem.
    Fernando.

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  4. Caro Fernando, obrigada pela sua visita...
    Repliquei parte da sua postagem no Amálgama, com relação ao "caso" Geyse Arruda pois foi o melhor comentário que li; com coragem de expressar a decadência da sociedade na qual fazemos parte.

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  5. Cara Andrea:
    Muito grato pelo comentário acima. Acabo de escrever um outro artigo que amplia o argumento proposto nos meus dois artigos escritos a partir do affair Geisy Arruda. Considerei a posssibilidade de você o postar no seu blog, incomparavelmente mais lido e comentado que o meu. Pensarei melhor no assunto e oportunamente voltarei a lhe escrever.
    Fernando.

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  6. Dear Fernando Mota.

    Você nasceu célebre, não celebridade. Tem a marca do gênio, como Wittingstein, João Mohana e Jackson do Pandeiro. Não nasceu para ser empalhado, mas empulhado.
    Lembro-me da noite em que colocamos nossas mãos na calçada da fama do Pirandello em sinal de protesto. Foi um atentado legítimo e corajoso. Ali não havia ninguem mas digno de homenagem do que nós, os judas de Igarapeba e Ribeirão.
    Agora o mundo retoma seu curso normal. A TV finalmente vai te convidar para o comando de um talk-show sobre filosofia e sexo. Também eu apareci num programa de TV. Para medir a audiência, ofereci um CD de Waldick aos três primeiros telespectadores que ligassem. Temo que minha generosidade tenha alterado as funções cognitivas da massa. O telefone continuou em silêncio.
    Geyse Arruda é o tapete mágico que nos levará às alturas. Depois da plástica, já não há diferença entre ela e cate blanchett. Mas Geyse é um poço de humildade ser Carla Peres.
    Geyse é o tapete mágico-mãe, como as naves alienígenas da ficção científica. Há outras menores para satisfazer os anseios de Brayner, Luciano, Tarcisio, Paulo e Urariano.
    Conrad e Orlando dias também iam namorar às escondidas. O horror. O horror.
    Abraços sem rima nem rimel

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  7. Anônimo:
    Sua marca, além dos traços biográficos expostos, é tão inconfundível que considero um desperdício você ocultar-se sob um manto que bem conheço. Pity, my dear, como dizem eles, pois assim os dois leitores deste texto riem sem saberem a quem louvar e celebrar pela astúcia do riso. Quanto a meus paralelos geniais, não sei se fico com João Mohana, cana caiana ou simplesmente Jackson do Pandeiro. Ah, o Pirandello e sua calçada da fama...Naquele tempo, você sabe melhor que ninguém, eu chutava lata pelas ruas sem alma da paulicéia desvairada. Bom ler você por aqui, Cap.
    Fernando do Pandeiro

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  8. Caramba:
    Sinceramente, lamento que sua modéstia me prive de um comentário no meu blog que muito me honraria. For God´s sake, Half-past, não me diga que os comentários postados no blog têm o poder de inibir sua escrita. Quanto à política, num certo sentido você tem razão. Acho que ela exerceu na minha formação um papel geracional, já que também marcou a sua e a de muitos amigos da mesma geração. O que sempre lhe disse, e mantenho, é que não tenho a mínima inclinação ou gosto do papo sobre a política, menos ainda do cotidiano político. Mas acredito, sim, como aliás digo naquela breve crítica sobre o filme A Onda, que ela se importa conosco, mesmo que a gente a ignore. Nesse sentido, sempre reconheci que somos animais políticos, mais ainda num país como o Brasil. Uma das coisas que amava na Inglaterra era poder me dar ao luxo de ignorar a política corrente. Como o país funcionava à margem do que os políticos faziam ou desfaziam no dia a dia, podia ignorar tudo ou quase tudo.
    Fernando

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