terça-feira, 1 de novembro de 2011

Solange longe



Na tarde um sino tange
E andam cantigas da infância.
Na tarde andas, Solange
E és bem maior que a distância.

Queria a luz da poesia
Que a alma recolhe e tange
E no silêncio irradia
Teu claro nome, Solange.

Mas tão calado e pequeno
Tão de ti perto e tão longe
Que meu insensato aceno
Nunca te alcança, Solange.

E voas para Paris
Para longe, muito longe.
Meu coração sem país
Quer um país: é Solange.

Que dilatada fronteira
Cinge o humano destino
Andas ausente e inteira
Partes no bronze do sino.

Na tarde um murmúrio tenso
De morte, talvez de vida
E eu sem país sigo e penso
Que meu nome é despedida.

São Paulo, outubro de 1979.

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