domingo, 1 de julho de 2012

Passagem


Não pinto o ser, pinto a passagem.
Montaigne

A eternidade do mar
E a fluidez da maré
Existem pra te ensinar
Que a vida humana é fugaz
E o acaso sopra onde quer.

O amor que hoje é teu tudo
Será teu nada amanhã.
Por isso queria ser
Como no mar a maré
Que vem e logo recua
Se eleva e já se dissolve.
E a maresia na rua
Some no sopro do vento.

Tudo é engano, passagem
No ventre da natureza
E até o mar é miragem
Sumindo na correnteza.

Ser como o vento: passagem
Perpétua em seu movimento.
Tudo que vive é viagem
Que se dissipa no vento.

Fernando da Mota Lima. -
Recife, 16 de junho de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário